quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Rol dos sentimentos

Um doce, um abraço, um riso, uma gargalhada, um silêncio, uma irmã, um quatro, um poema, uma quinta (ou sábado?), uma luz, um sotaque, um "pode crer", uma sinceridade, uma consideração. Uma aprendizagem, um bem-querer, um significado - vocês também.

Muitos amigos ganhei nesse ano.

Feliz Natal.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Pulsação

In principio, o texto que se segue (ou sei lá o que se seguirá) é, antes de tudo, motivado pelo tempo convidativo e agradabilíssimo lá de fora. Da minha visão, as plantas parecem mais brilhantes, mais vivas, estranhamente humanas. Querem falar comigo. O sol é assim, meio brilhante, branquíssimo, de uma cor cegante. Clarice tinha razão quando dizia que sábado era a rosa da semana. E é. Agora, com mais intensidade, os feixes de luz parecem dar vida a tudo que é inanimado, como quem oferece amor aos desamados. A analogia que me cabe e que me vem é essa mesmo. No mais, o movimento dos carros é o mesmo: naturalmente caótico, pacificamente pertubador. Meu Deus, há vida lá fora. Só posso concluir que, sim, há um sentido após o depois. Que sábados desse dezembro se preservem. Parece que aqui se acaba. Mas, antes, deixem-me dizer uma coisa: plantaram um girassol na minha rua. Desde então, rezo silenciosamente para que ele vigore. Não quero outra coisa.

sábado, 4 de dezembro de 2010

E de repente essa sensação - algo vai acontecer. Você não sabe, mas sente, sente por senti, por esperança, por simplesmente acreditar que qualquer coisa, coisa assim, coisa pequena, insignificante, irrelevante, mediocridade, não se sabendo como, mas por si só sabendo: algo acontecerá. A sensação continua. Passam dias, meses, anos, o tempo. Ele passa, mas a Sensação permanece, como que sempre remoendo as mesmas palavras, sussurrando do mesmo modo, dizendo: eu sei que alguma coisa vai acontecer. Então se acontece, mas você não sabe que aconteceu. É simples, perceba - certas coisas que acontecem na vida não pedem observação, atenção, somente acontecem, e nós, destraídos, bobinhos que somos, não percebemos. Olha lá, aconteceu. Tentei te avisar. Tarde demais. Como é mesmo? Alguma coisa de não se chorar pelo leite derramado. E eu, nós bebemos o leite sem saber. O líquido viscoso e branco percorre a boca, inunda a língua de sabores, mas não sabemos. E continuamos a beber. Um dia a garrafa seca. Persiste a sensação: alguma coisa vai acontecer.

Já aconteceu.