sábado, 6 de agosto de 2011

"I keep dancing on my own", ele disse. O salão vazio, os passos dos outros que ainda ecoavam em seu pensamento, a música que relembrava momentos nunca vividos, aquela dor de não-se-sabe-o-quê. A decoração, tudo coisa de muito bom gosto. O traje refinado, as cordialidades, "estou indo bem". Indo bem. "Indo bem por esse caminho que não se sabe o destino", eu falei. Não trocamos mais palavras, eu não disse um isso. As cadeiras metalizadas vazias. Na verdade, eu e elas. Elas que, meu Deus, ainda valem alguma coisa: conforto, disponibilidade, amparo. As Cadeiras e suas danças. Balões cor-de-rosa, prata e dourado e resto de um champagne recentemente aberto. Comemorações das quais nunca participei. Canapés preparados com delicadeza, nunca me serviram. Eu continuava sozinho, andando pelo salão, rindo da hipocrosia que era aquele baile da turma de 91. Nada mais do que uma tentativa de exibição. Do meu fracasso. Subi ao palco e anunciei:

- Obrigado pela presença inútil de vocês. Bando de filhos-da-puta.

O grande hall decorado com muito zelo e frescura. As faixas de boas-vindas. As letras pacientemente pintadas em um dourado azedo. Não havia notado a sua presença, mas lá estava. Também só, também meio bêbado. De longe, imaginei sua boca dizendo alguma coisa que não pude decifrar. Mas como era belo o seu desenho. Como ficava bem naquela roupa que só me apertava e ratificava - mais uma vez - que eu não deveria estar a li. Dei de ombros. Fingi que a música tocava e que eu ouvia. Dancei sozinho. Aproximava-se devagar. "Eu também estou dançando por mim mesmo", ele disse.

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