segunda-feira, 3 de maio de 2010

Uns olhos.

Ela se aproximou daquele jeito típico, daquele jeito de cravar aqueles seus olhos cor-de-canela nos meus - olhos que tanto dizem sem nada dizer. Contemplou-me por alguns segundos. Breve segundos. Ao certo, nem sei se Ela realmente me olhou. Mas vá; não importa. Estendeu-me a mão. Abrindo um sorriso acanhado, entregou-me a Carta. Envelhecida, de fina espessura, com uma escrita fácil de perceber o esmero gastado e o tempo que guardada ficou. Não me pediu nada em troca, apenas me entregou.

- Por que você chora assim?
- Porque é noite, e nela eu fico mais pessimista.
- Que bom que já já o sol vai nascer.

E partiu, sem pedir nada em troca. Apenas me entregou. Apenas me entregou a palavra que eu precisava naquela noite. Espero encontrá-la, espero que aqueles olhos, que tanto dizem sem nada dizer, possam encontrar os meus. Mais uma vez.

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